segunda-feira, 2 de julho de 2012

Reportagem da revista "Biking Aventura" sobre "Estremozbike" (05/2012)

Eis a transcrição da reportagem sobre o "Estremozbike 2012" (maratona BTT co-organizada pela Rota d'Ossa), publicada na revista "Biking Aventura", edição de Maio de 2012. O repórter, nas palavras do próprio, chegou "todo queimado"!

"Notava-se a presença de campeões nacionais de XCM, atletas em preparação para provas internacionais e recém chegados do Andaluzia Bike Race. Isto, só para dar uma ideia do ambiente desta prova que, sem dúvida, é mais dura que algumas etapas da Taça de Portugal de XCM.
Uma vez que temos por princípio fazer as maratonas que vamos reportar, a preparação do material começou uma semana antes (posso ser despachado em muita coisa, mas fazer a mala nunca foi o meu forte). Parte importante da preparação é a massagem semanal no gabinete do melhor massagista da atualidade: Mário Gamito. Com a S-Works 2ger afinada, bolsa de ferramentas pronta, polar de treino com pilha (este ano em plena Andalucia Bike Race fiquei sem pilha), equipamentos oficiais da revista, sapatos do "Ballet", géis CarbBoom e barras Zip Vit, óculos BBB, capacete Prevail, três mudas de roupa e meias de compressão BV Sport. Tudo a postos, portanto! Mas, quando chegou a hora de fechar a mala, aconteceu o de sempre, não fechou. Confesso: sou o atraso de vida dos meus colegas no que toca a otimizar o espaço das malas dos carros.

Ao som de David Guetta, e sem transgredir as regras de trânsito e de bom senso, chegámos por volta das 17h da véspera da prova. Fomos logo para a sede de encontro com Daniel Cochicho que tínhamos conhecido na semana anterior, quando participámos no Serpa 160. Entre outras coisas, Cochicho era também responsável por nos garantir todas as ferramentas de trabalho e podemos já dizer que nada falhou. Nota máxima!
Nesse dia pouco se fez; foi levantar os dorsais e observar como funcionava este departamento da prova, que nos pareceu muito bem, com grande celeridade e onde reinava a animação, com a constante boa disposição das voluntárias.
Foi tempo de rumarmos ao hotel da prova, o Imperador, logo à entrada de Estremoz, para fazer o reconhecimento. Encontrámos um local com boa pinta e gente simpática, daquelas que não complica o fácil. Mais tarde foi tempo de jantar na zona histórica de cidade.
O dia começou cedo no Hotel Imperador que estava lotado de participantes da prova. Com o pequeno-almoço tomado, foi altura de rumarmos ao centro historio, onde seria dada a partida.
A cidade já estava acordada e a festa instalada; os mais crentes já estavam alinhados e nós fomos aquecer... E acordar!
Dos 872 participantes do Estremoz Bike, apenas 168 fariam a prova rainha, os 80 km "mais IVA", uma vez que tinha um bónus de 6 km. Na prova de 50 km participaram 592 atletas e os restantes 112 alinharam nos 30 km. De salientar a participação feminina, com 33 senhoras à partida.
Eu, que até estava maçado do Serpa 160 e tinha vindo de uma semana caótica de fecho de edição, alinhei com muito ânimo nos 80 km, os tais que tinham IVA.
O percurso começou com uma secção de estrada bastante rolante, sendo que a entrada para a serra era igualmente larga e pouco técnica, de tal forma que deu até para por a conversa em dia com o grande amigo Daniel, do Clube de Santo António de Évora, o melhor condutor de todo o Alentejo e o tal que nos conduziu durante a reportagem do Granfondo Eddy Merckx. Passados poucos quilómetros de serra, começa o prato do dia: autênticas "paredes", não muito longas, mas de inclinação duríssima.
Passada a divisão para os 50 km, apanhámos um singletrack fantástico, bem ao jeito de XCO, bom para levantar os níveis de concentração e para os mais técnicos ganharem vantagem. De seguida começaram a aparecer as subidas longas e pronunciadas. E foi aí que percebi que não devia ter feito o Serpa 160 na semana anterior, pois já tinha confirmado a minha presença em Estremoz há algum tempo. Esta maratona não permite erros e eu, mais uma vez, errei.
Chegado ao primeiro abastecimento (30 km), tinha cerca de 800 metros de acumulado em subidas, o que era ótimo. Faltava pouco para os cerca de 2.400 anunciados pela organização.
Ânimo era a palavra de ordem e subir era o meu destino. Mas como há vidas bem piores do que a de bttista, lá fui serra a cima, sempre a desfrutar do percurso e da paisagem lindíssima.
Por volta do quilómetro 40, colei na rota de um grupo onde permaneci algum tempo, até perceber que estavam completamente "picados" comigo (má onda parceiros)! Nas zonas mais rolantes trabalhavam em esticão para ver se eu descolava, o que acabou por acontecer, não pela falta de andamento, mas pela falta de paciência que me caracteriza. O que é certo é que os apanhei na subida seguinte e fugi na próxima descida. E que descidas tinha esta prova, das mais duras a subir. Mas a descer foi algo do outro mundo, tão incríveis e duras que, mais uma vez citando o meu amigo Rui Cigarro, "Isto parece a Andaluzia».
O certo é que os tinha que nem loucos na minha roda. Mas como não fui a Estremoz fazer uma corrida, mas sim uma reportagem,  parei no abastecimento seguinte para água e fazer o meu mix de sais.
Por norma, não como nos abastecimentos das organizações, mas pude reparar que estavam recheados de tudo o que é essencial para mantermos o corpo bem alimentado em prova, com o staff sempre simpático
e bem-disposto, incansável na tentativa de animar alguns participantes mais abatidos pelo percurso.
O duro percurso continuava e, uma vez que a prova rainha só tinha 168 participantes, grande parte foi obrigada a andar em pequenos grupos ou sozinhos, como eu. Sempre que apanhava alguém, apressavam-se em querer fugir, e sempre que alguém me apanhava, imprimia um andamento mais forte. Fiquei com a leve sensação que queriam provar que andam mais do que o "gajo" da revista...
Farto desta conversa, e consciente de quem teria de apanhar e de quem teria de fugir, meti o passo "certinho", como diz um amigo meu, e cheguei à meta antes dos meus diretos "adversários".
A Estremoz Bike é uma prova fantástica, levada a cabo por gente excecional, não fossem eles alentejanos.
Humildes, bem organizados, trabalhadores sabem receber na sua terra, organizam aquela que a meu ver é a melhor e mais dura maratona do Alentejo. São subidas fortes e longas, aliadas a descidas impressionantes, onde os singletracks tiveram espaço, e que fazem desta prova algo simplesmente brutal.
Uma coisa é certa, a meu ver, esta é a melhor maratona do Alentejo. E quem não concorda é porque nunca a fez! Para o ano há outra. Até lá!"

Nota: algum erro não detetado deve-se ao software OCR, e pedimos desculpas desde já.

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